segunda-feira, 26 de abril de 2010

Gostos a gosto

Gosto, algo que teoricamente não se discute. Digo teoricamente porque se pararmos pra pensar sempre estamos discutindo o gosto alheio. É incrível a incapacidade humana de simplesmente aceitar e principalmente respeitar.
Li hoje em uma comunidade num site de relacionamento cometários sobre o fato de negros usarem lentes de contato coloridas, pintaram ou alisaren o cabelo. Parte dos participantes dizia que tais atitudes são uma forma de negar a própria origem, um absurdo, uma afronta, uma forma de querer se encaixar forçadamente nos padrões europeus.
Agora pense comigo.
- Lá no século passado, as senhoras européias, e até mesmo alguns senhores, não enrolavam seus cabelos, ou até mesmo usavam perucas para ter fartos cachos? Que eu me lembre e pelo que estudei de história não foram eles em nenhum momento acusados de "negar a raça".
- Tribos de todas as partes do mundo pintam, cortam, esticam ou enrolam as madeixas e isso nesses casos significa apenas estilo, expressão, moda, as torna famosas e até símbolos de ideais.
- Os índios têm um dos tipos de cabelos mais lisos que conhecemos. Eles também foram escravizados, dizimados, sofreram preconceito e lutam até hoje por igualdade.

Depois destes poucos argumentos será que é justo dizermos que só porque uma moça alisa os cabelos, ou um rapaz muda a cor dos olhos estão negando a sua negritude?
Acho que não.
É tão particular o gosto. O que faz cada um de nós nos sentirmos bem. E "cada caso, é um caso". Cada um tem uma motivação ou um intuito quando faz algum tipo de mudança. E isso é geralmente intrísceco, o que podemos ver é a mudança.
Se todos temos o direito de mudar e nos tornar do jeito que queremos ser (graças à tecnologia), porque fazer uma distinção no caso dos negros. Todos podem mudar, mas nós não podemos, pois temos que sustentar um orgulho baseado no estereótipo de diamante bruto? Quem dera que todos fossemos lindos diamantes brutos....Mas infelizmente nem sempre acontece.
O fato de ser negro não está no cabelo ou na cor dos olhos ou no tipo de roupas ou no gosto musical. Está na pele, na descendência, no coração. Está em se sentir fazendo parte de uma história gloriosa de lutas, de sofrimento e de muitas vitórias que tivemos e que teremos.
Então, não vamos julgar o outro por uma questão tão superficial, que é simplesmente, o gosto.

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