segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Tecnologia Social

Vi na televisão hoje uma reportagem sobre novas ferramentas tecnológicas. Coisas que permitem que você programe atividades sem sair de casa ou estacione seu carro com todas as orientações possíveis e imaginárias por exemplo. Achei incrível num primeiro momento, mas depois entrei em pânico. Minha primeira reação foi como guia de turismo e futura turismóloga, já que essas ferramentas na visão de algumas pessoas tiram a importância das agências e dos guias. Ora, se você pode pesquisar preços, condições climáticas, atrações, passagens e achar tudo o que quiser por si, para que pagar alguém para fazer isso por você? Tirando aquelas pessoas que pagam pela comodidade com gosto e orgulho, a grande maioria vai preferir economizar. Como o Turismo que é minha área de estudo tem uma abrangência enorme e um leque de possibilidades e potencialidades, posso ficar tranqüila que nem toda tecnologia do mundo tira a funcionalidade de nossos serviços. Mas aí parei para pensar no caso de uma maneira geral.
Lembrei de tudo que estudei sobre o processo da Revolução Industrial, principalmente da substituição de mão-de-obra por máquinas, automatização de processos, acúmulo de funções. E aí pensei: “como são maldosos esses cientistas, não sabem que as pessoas precisam dos empregos?”. Acho que ao mesmo tempo em que se criam tecnologias que tornam tudo simples e prático precisa-se pensar no que se fazer com as pessoas que estão sendo substituídas. Sim, se temos responsabilidade social, por que não falar em responsabilidade tecnológica? Sou muito a favor de todo tipo de avanço, mas não compartilho a idéia de ir em frente passando por cima do que estiver no caminho. De que serve termos uma máquina que faça o trabalho de cinco funcionários e termos cinco chefes de família desempregados? Penso também sobre o que estudei sobre o Egito Antigo: a riqueza sobrenatural dos faraós e a miséria e escravidão do povo que era constituía base do domínio. Vejo que ainda temos muita coisa em comum. Na antigüidade egípcia houveram milhares de descobertas, não à toa o povo egípcio deixou um dos maiores legados culturais e intelectuais da humanidade. Mas quantas vidas foram sacrificadas para que isso acontecesse?
Todos os avanços do mundo são para a melhoria da vida da humanidade. Mas se não se pensa no fator humano a caminhada perde o sentido. Trazer benefícios para uma minoria cada vez mais restrita prejudicando uma maioria cada vez mais carente é uma atitude que julgo no mínimo imprudente. É óbvio que chegará um ponto em que as coisas darão errado, e a base da pirâmide social de tão maltratada e subjugada não irá mais suportar o topo. E aí, não haverá mais avanço.
Sendo assim, minha proposta de hoje é a seguinte: junto com o avanço tecnológico pensemos no avanço social. Desenvolver novas diretrizes sociais, diretrizes que possam se aplicar a diferentes culturas, que respeitem as características de cada povo, e que não sejam impostas, mas sim propostas para que cada nação as adapte à sua realidade, a fim não de perder sua identidade, mas sim de obter o respeito ao ser humano em todas as partes do mundo. Difícil né? Também acho. Mas se ninguém propõe as perguntas, ninguém busca as respostas.