Vi na televisão hoje uma reportagem sobre novas ferramentas tecnológicas. Coisas que permitem que você programe atividades sem sair de casa ou estacione seu carro com todas as orientações possíveis e imaginárias por exemplo. Achei incrível num primeiro momento, mas depois entrei em pânico. Minha primeira reação foi como guia de turismo e futura turismóloga, já que essas ferramentas na visão de algumas pessoas tiram a importância das agências e dos guias. Ora, se você pode pesquisar preços, condições climáticas, atrações, passagens e achar tudo o que quiser por si, para que pagar alguém para fazer isso por você? Tirando aquelas pessoas que pagam pela comodidade com gosto e orgulho, a grande maioria vai preferir economizar. Como o Turismo que é minha área de estudo tem uma abrangência enorme e um leque de possibilidades e potencialidades, posso ficar tranqüila que nem toda tecnologia do mundo tira a funcionalidade de nossos serviços. Mas aí parei para pensar no caso de uma maneira geral.
Lembrei de tudo que estudei sobre o processo da Revolução Industrial, principalmente da substituição de mão-de-obra por máquinas, automatização de processos, acúmulo de funções. E aí pensei: “como são maldosos esses cientistas, não sabem que as pessoas precisam dos empregos?”. Acho que ao mesmo tempo em que se criam tecnologias que tornam tudo simples e prático precisa-se pensar no que se fazer com as pessoas que estão sendo substituídas. Sim, se temos responsabilidade social, por que não falar em responsabilidade tecnológica? Sou muito a favor de todo tipo de avanço, mas não compartilho a idéia de ir em frente passando por cima do que estiver no caminho. De que serve termos uma máquina que faça o trabalho de cinco funcionários e termos cinco chefes de família desempregados? Penso também sobre o que estudei sobre o Egito Antigo: a riqueza sobrenatural dos faraós e a miséria e escravidão do povo que era constituía base do domínio. Vejo que ainda temos muita coisa em comum. Na antigüidade egípcia houveram milhares de descobertas, não à toa o povo egípcio deixou um dos maiores legados culturais e intelectuais da humanidade. Mas quantas vidas foram sacrificadas para que isso acontecesse?
Todos os avanços do mundo são para a melhoria da vida da humanidade. Mas se não se pensa no fator humano a caminhada perde o sentido. Trazer benefícios para uma minoria cada vez mais restrita prejudicando uma maioria cada vez mais carente é uma atitude que julgo no mínimo imprudente. É óbvio que chegará um ponto em que as coisas darão errado, e a base da pirâmide social de tão maltratada e subjugada não irá mais suportar o topo. E aí, não haverá mais avanço.
Sendo assim, minha proposta de hoje é a seguinte: junto com o avanço tecnológico pensemos no avanço social. Desenvolver novas diretrizes sociais, diretrizes que possam se aplicar a diferentes culturas, que respeitem as características de cada povo, e que não sejam impostas, mas sim propostas para que cada nação as adapte à sua realidade, a fim não de perder sua identidade, mas sim de obter o respeito ao ser humano em todas as partes do mundo. Difícil né? Também acho. Mas se ninguém propõe as perguntas, ninguém busca as respostas.