quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Você tem identidade?

Aposto que a maioria quando lê essa pergunta pensa: claro que sim. Os mais pragmáticos dizem logo: 33.864..... E aqueles mais subjetivos pensam: sim, tenho meu temperamento, opinião própria, sou alguém perante a sociedade.
Mas a identidade que eu falo é uma muito mais especifica e infelizmente não obrigatória como a do documento. É a identidade cultural. Participei de uma aula na faculdade onde foi apresentado um projeto de evento, do qual o personagem anfitrião seria Madame Satã: João Silva dos Santos, personagem marcante e boêmio da Lapa. E qual não foi meu espanto ao perceber que a professora não sabia de quem se tratava. Que todos os meu colegas de classe não sabiam quem era, eu já imaginava. Mas até a mestra, a responsável por abrir nossas mentes e nos dar conhecimento acadêmico, não saber... Aí entrei em pânico.
Sem dúvida Madame Satã é um personagem irreverente, com mil faces, às vezes marginalizado e nem tão divulgado historicamente, mas é uma personalidade histórica. Da história do povo, que nem sempre é atraente e considerada de valor. O que me deixa imensamente chateada é o fato de que a maioria das pessoas não faz idéia da sua história, não se reconhece como povo. A história que as pessoas acham importante é a que conhecemos na escola, didática, superficial, política. A grande maioria das pessoas não se preocupa com sua raiz. Sim, porque para saber aonde ir, você precisa antes saber de onde veio.
Por que você come certa comida? Por que comemora certas datas? Por que se veste dessa forma? Por que ouve certo tipo de música? Por que usa esse tipo de cabelo? Se a sua resposta para todas essas perguntas foi simplesmente “porque eu gosto” ou “porque sim”, preocupe-se. Você não sabe por que se identifica com coisas básicas da sua cultura, sendo assim, tem um problema de identidade cultural.
Acho que uma parte importante no caráter de todo indivíduo é a sua origem. Saber sua origem ajuda a construir uma base de personalidade, e reforça pilares morais e sociais. Olhar-se no espelho e reconhecer-se como parte de uma história. Não uma história que acabou, mas sim de uma que você está ajudando a construir. E para construí-la você pode não ter ainda um fim (que provavelmente não existirá), mas precisa obrigatoriamente saber seu começo.
E ai você me diz que a vida é sua e começou quando você nasceu. Não, parte de você vem de muito antes disso. Por que muita gente caminhou pra que você nascesse e vivesse tudo que viveu da forma que foi até hoje. É essa parte que precisamos buscar e procurar para realmente entendermos quem somos.