Não quero.
Não por hoje e talvez por amanhã também.
Contento-me com o não querer pacífico, tranquilo.
Detenho-me nessa ausência de vontade, nessa falta de anseio.
Estou bem assim.
Por mais que me questionem, me respondi a tempos.
Tenho guardadas as respostas que ainda não li.
Mas que já passam a agunia das perguntas que não são minhas.
Faço o nada.
Satisfaço-me no inexistente presente em mim.
Vejo melhor pela transparência do vazio que me ocupa.
Contemplo a mim e ao meu nada.
Não quero.
Agradeço, mas deixe-me na quietude do meu não.
Na amplitude de minha restrição
No sagrado templo da minha descrença.
E assim, quem sabe um dia, de tanta calmaria mar se revolte
De tanto sol o tempo de feche
De tanto ar a respiração falte
Quem sabe um dia
Mas hoje não quero.