sexta-feira, 25 de setembro de 2015

NÃO PEGUE A PISTA SELETIVA

Nos últimos dias, tive vários exemplos da seletividade da "moral" e da comoção das pessoas. Não vou ser agressiva dessa vez, prometo, então pense comigo.

Fato que quando alguém morre na favela a desculpa é que é bandido, ou quase bandido, ou tinha bandido na família, ou andava com o espírito de um bandido encostado, enfim, de alguma forma estava errado.
Descobrem se o cara cometeu qualquer delito nas últimas três encarnações. Essas informações são fuçadas, ou inventadas.
Quando morre um empresário, um médico ou um playboy qualquer ninguém nunca olha a ficha. Não importa, se já roubou, se já matou, se era agressor, se vendia drogas "de boas" no AP na zona sul, a rapaziada/mulherada é vítima.
Aí você vai me dizer, "Monique você está sendo leviana, as minas/os caras morreram."
Vamos à segunda reflexão: o fato de você ficar horrorizada/o com aquela ou aquele amiga/o do "movimento negro" que posta coisas sobre racismo. Afinal ela ou ele são muito agressivos, muito radicais, magoam as pessoas com suas opiniões insensíveis. Pois bem, pense em quantas vezes você recriminou essa amiga ou esse amigo, porque afinal não dava pra não comentar aquele post tão absurdo? Agora pense quantas vezes você recriminou o seu amigo ou sua amiga que postou que pessoas deveriam ser mortas ou espancadas (ignorando que temos um sistema penal), que mulheres deveriam ser estupradas, ou que esse ou aquele tipo de comportamento tira os direitos de alguém. Deu vergonha né? Essa galera você simplesmente ignora porque não concorda, mas não leva a mal, afinal eles não te incomodam.

Eu poderia falar mais sobre a criminalização das vítimas e das/dos militantes. De como isso faz parte de um sistema cruel de silenciamento e violência. Afinal essas questões, sobretudo a primeira, merecem ser desenvolvidas com muito respeito, atenção e profundidade.

Mas por hoje deixo essas duas provocações e pergunta:

Eu sei que o caminho é mais fácil e mais rápido, mas bora da sair da seletiva?