quarta-feira, 18 de abril de 2018

A gravidez muda tudo...

Muda tudo.
Tudo.
Mas até o que tudo significa muda. E por essa a gente nem sempre espera.

Como assimilar que tudo muda pra gente, quando o mundo continua da mesma forma? E que as felicitações e mimos pela gravidez só duram até as cobranças serem necessárias?

Muita gente acha grávidas uma graça e as brincadeiras e apelidos carinhosos se tornam recorrentes até com quem não temos muita intimidade. E logo assim que todos ficam sabendo, os tantos votos positivos e acalantos fazem com que a gente em geral se sinta bem acolhida.

Mas quando a gente vai se dando conta de que tudo está mudando só pra gente as coisas começam a ficar estranhas. Ninguém está sentindo o que você sente e por mais que você explique, nem sempre há como provar aquilo. O enjôo e o vômito são padrão inquestionável. Qualquer um pode ver. É fato. Mas e o mal-estar, a ansiedade, o cansaço, a tristeza repentina (sim tris-te-za) ?

Mas e as dúvidas que tiram o sono e fazem a gente perder a concentração em tudo?

E os hormônios que influenciam a nossa memória e nossos sentimentos com relação a tudo e a todos, dificultando as vezes o simples fato de sair de casa porque a gente não quer ver nem falar com ninguém?

E como, mesmo sabendo que tudo isso é totalmente biológica e psicologicamente real, a gente disfarça pra não ser chamada de fresca, já que a D. Fulana fez faxina e pegou pesado a gestação inteira sem ter nenhum problema?

Como não se sentir mais fraca que a D. Beltrana que tinha dois empregos durante toda a gravidez e só entrou de licença maternidade aos 9 meses?

Como não se sentir envergonhada em pedir alguma exceção ou ajuda pelo fato de não conseguir mais dar conta de tudo sozinha?

Como não se sentir menos capaz por não conseguir entender mais os conteúdos de estudo com a mesma facilidade e com muita dificuldade não ter vontade e nem disposição para estudar assuntos que não lhe sejam extremamente interessantes (leia-se para mim gravidez, saúde, maternidade, bebês e comida)?

O mais confuso não é entender que a gravidez muda tudo. É tentar entender o que tudo vai significar a partir do momento em que a gente está gerando novas vidas. Sim, porque não é só a vida do bebê que está sendo gerada, mas uma vida nova pra gente também.

É tentar entender que as coisas com que muito nos importávamos antes talvez não sejam mais tão interessantes. E isso não é sobre abrir mão do que gostamos, mas sim deixar de dar tanta importância ao que nos incomoda.

É aprender a relaxar um pouco mais pra mergulhar num turbilhão de confusões e tensões novos.

É rever tudo sabendo que você já não vê mais nada como antes.

É um misto de ansiedade e insegurança. Um esperar tudo mudar, sabendo que tudo já está mudando, mas agindo como se nada tivesse mudado ainda.

É tudo muito doido, como diria meu sobrinho de 4 anos. E nesse momento eu acho que essa é a definição mais completa e coerente sobre o assunto.


**Autoria da Ilustração não encontrada. Se alguém souber quem fez por favor me informe para dar os créditos :)